quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Presságio (soneto duplo)

Presságio  (soneto duplo)

I  
Pressinto no mundo o fel da amargura
Verdade escondida nos trapos de rua
A sombra consome a luz e a figura
Na noite calada no brilho da lua

No manto celeste vejo a fé consumida
No oráculo de Delfos, sopé de Parnaso
Oferendas jogadas, esperanças perdidas
Transes e visões, foram obras do acaso

Sacerdotisas de Apolo, aqui novamente
De pastoras e religiosas disfarçadas
Vão jogando neste mundo novas sementes

E em nome doutro Deus, oblações são dinheiro
E vão amealhando tesouros às braçadas
Na fúria das ondas, são elas o timoneiro.

II
O Deus que afagam no céu não habita
E se existe, tem emoções quase humanas
Pois, se de dinheiro também necessita
Que Deus é esse que a matéria orbita

Dum sopro Divino o mundo precisa
A despertar consciências, puder definir
No palco da vida de quem profetiza
Que o povo a final, melhor saiba decidir

Pressinto na terra a paz sem sentido
O ódio e a cólera começam a crescer
Pressinto o naufrágio do mundo fingido

De vícios e tramas urdidas nas trevas
A fúria das ondas no dorso a gemer
Tracei o esboço, na prancheta as canevas

São Paulo, 01/10/2012
Armando A. C. Garcia

Direitos autorais registrados
Mantenha a autoria do poema


Nenhum comentário:

Postar um comentário